domingo, 1 de janeiro de 2012
A Solidão do Eremita
O Eremita é um ser solitário. Protegido das ações do mundo e prudente em seu agir. Um ser assim não toma partido e não mergulha embriagado na coletividade humana. Com sua sobriedade busca a síntese e a paz. Esta busca requer prudência e análise profunda. Requer a solidão.
É e será sempre o eremita em sua vida interior independente de sua vida exterior. Não toma partido, respeita as expressões individuais do viver e jamais poderá ter a “alegria” de juntar-se à coletividade nacional, social e política. Busca a verdade inteira e não apenas frações da mesma. É necessário ser profundamente só para não deixar que os binários, os opostos, dilacerem o mundo da verdade. Sem reserva, não pode abraçar nenhuma causa humana. É leal a causa da verdade. Sabe que ela se dá na síntese e que jamais vai encontra-la no conflito dos opostos independente do número dos que participam de cá ou de lá.
A paz está na síntese. O Sermão da Montanha diz “que são bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. Os que estão no mundo para promover a paz não tomam partido diante de verdades parciais. Por estarem empenhados na causa da verdade total sabem que verdades parciais dividem o mundo, tornam as pessoas inimigas umas das outras e afastam a paz.
O Eremita é um vendedor ambulante da paz. Ele percorre seu caminho passando de opinião em opinião, de experiência em experiência e de crença em crença. Traz sempre a via da paz entre opiniões, experiências e crenças.
Ele tem suas alegrias. São imensas. O silêncio profundo carregado de revelações, o céu estrelado falando em linguagem de eternidade e a respiração cheia de espiritualidade. E paz, muita paz.
Por onde passa vai deixando sua paz. Os que possuem suas consciências muito distante do centro não o vêem. Os que estão em luta tentando fazer o mundo reflexo de si mesmos, também não. Todos, entretanto, percebem que cruzaram mesmo fugazmente com o mistério da unidade. De alguma forma, mesmo por um breve momento, sentirão o efeito da paz.
Enquanto caminha, o Eremita repete sempre: “A minha paz, vos dou”.
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