quinta-feira, 8 de julho de 2010

Tentações Serpentinas

Escrevi recentemente o artigo “Seduções Serpentinas” com a intenção de tentar mostrar a sedução exercida por certas ideologias espirituais que, tendo o mergulho no mundo manifestado e o tempo como centro de suas concepções filosóficas, atraem milhões para um destino eterno incerto. O mundo é extremamente forte e continua se fortalecendo. Certas filosofias que apresentam Deus infinitamente tolerante com os negativos comportamentos mundanos da humanidade sempre irão atrair milhões de almas. É preciso não esquecer que a prática religiosa tem por base apenas um propósito: religar o homem a Deus. Se pessoas têm as bases de suas práticas religiosas alicerçadas em algo afirmado por alguém que ratifica e reforça suas negativas naturezas, talvez estejam caminhando para longe de onde esperam chegar. Não cabe neste artigo discutir de quem em último caso é a responsabilidade por falsas caminhadas. Uma coisa é preciso dizer: ninguém chegará a Deus nos ombros dos outros.

É tentador um sistema filosófico que se adéqüe ao que se pensa, ao que se quer e ao que se é. Para muitos é o melhor dos mundos. Não existe problema se mais e mais adaptações forem feitas para adequar a vida religiosa à forma individual de pensar e viver. Será assim? Será que o propósito do viver é a ratificação da “grandeza individual”? A serpente estava certa quando disse: ”e sereis como deuses”?

As tentações serpentinas que orientam os que as seguem a afirmar que as coisas devem ser como se pensa e se é, toma contornos de tragédia, pessoal e coletiva, quando se tornam sistemas filosóficos seguidos por multidões. As tentativas de se adaptar a moral religiosa tradicional à moral social esquecem a base em que as religiões se fundamentam. Tais tentativas - apresentadas muitas vezes como reclamo da sociedade – têm sido muito intensas principalmente no que concerne à Igreja Católica. Esta, possuindo sua essência nos evangelhos, tem se mantido fiel à sua compreensão dos mesmos. Muitos são os questionamentos tornados públicos no sentido de “modernização” da tradição católica. Entretanto, não se pode esquecer que a moral que emana do eterno é eterna. Não está sujeita a costumes e comportamentos de época. Os apelos para que se busque o crescimento a qualquer custo não encontram guarida numa religião que se preocupa verdadeiramente com a vida eterna dos fiéis que a seguem. Os seguintes questionamentos são listados - muitas vezes dentro da própria Igreja Católica - “como necessidade de discussão que leve à modernidade”. Vejamos alguns:

O divórcio e o novo casamento, o sexo pré-marital e extraconjugal, controle da natalidade, aborto, homossexualidade, masturbação, a ordenação de mulheres e o celibato.

Reparando-se bem – à exceção do item que trata da ordenação de mulheres - todos os demais estão relacionados à questão sexual. A Igreja Católica defende, e vai continuar defendendo o que biblicamente considera ideal para o homem, para a família e a vida. Não poderá – em nome da defesa da vida – aceitar a liberalização do aborto. A despeito das separações de milhões de casais pelo mundo afora não vai abrir mão de ter como ideal o exemplo bíblico da Sagrada Família. Isso só para citar alguns exemplos.

Muitos dos movimentos que defendem o debate em torno dos assuntos citados acima trazem como argumento principal a diminuição do número de católicos no mundo. Mesmo considerando-se a necessidade de evangelizar mais e mais pessoas, é o pior dos argumentos. A Igreja centra seus objetivos na salvação. A salvação - com base bíblica - é focada na caridade, no inegoísmo, na ausência de vaidade, e no respeito à vida e ao próximo. A evangelização que não está inserida neste contexto desencaminha muito mais que salva. De que adianta uma multidão que, no fundo, continua seguindo a si mesma?

A serpente não cessa de gritar e milhões de acreditar: você é o maior, o melhor, o mais sábio. Você tem o direito de ter o prazer que desejar, afinal você é o dono de teu corpo e de tuas emoções. Se houvesse sabedoria no mundo ele seguiria tuas orientações e conselhos. Blá, blá, blá...