segunda-feira, 17 de maio de 2010

A fronteira da fé

O mundo me mostrou muitas coisas. Em determinados momentos dei muito valor a elas. Tentei segurar algumas como minhas. De maneira forte e determinada procurei mantê-las mesmo quando de mim começavam a afastar-se. Custei a entender que, na verdade, nada que o mundo nos dá é permanente. De alguma maneira, ou as deixamos ou elas nos deixam. Sempre foi assim, é assim e sempre será assim. O mundo empresta com tempo determinado. Cabe ao tempo o trabalho de levar tudo o que nos foi emprestado. O que temos, ou que achamos que temos e o que somos, ou achamos que somos, tudo levado pelo tempo. Sejam de natureza positiva ou negativa, os empréstimos vencidos precisam ser quitados. Muitas vezes com grande sofrimento.

Existe algo real? Sim, existe. É só olhar a cruz. No seu braço horizontal, regido pelo tempo, estão os empréstimos. No braço vertical, eterno e imutável, está Deus. Ontem, hoje, amanhã e sempre. Uma realidade completa, verdadeira e sempre pronta a receber e abraçar, de forma incondicional, os que começarem a olhar para cima esquecidos do quero, do tenho e do sou.

São João nos diz que Deus é amor. Não nos diz que o amor está em Deus, mas que Deus é o próprio amor. O que vem de Deus não é empréstimo. É herança. Não é preciso esperar o depois, está disponível agora.

Vinde e vede, como já dissemos anteriormente. Só os jogos mentais dizem Vede e vinde. Os jogos mentais são do mundo. E, muitas vezes, nos atraem a contrairmos empréstimos com alto custo pessoal e sem nenhum benefício. O mundo espiritual verdadeiro é mistério puro. Segredos são transmitidos, os mistérios nunca. É preciso acreditar que existe uma realidade única, pessoal e indivisível no braço vertical da cruz. É preciso Ir e ver. É a fé que nos fornece a coragem necessária para ir e ver.

Eu vim para que nada se perca, disse Jesus. E nada se perderá para os que se determinarem a viver segundo a vontade de Deus, darem pouca importância aos empréstimos dados pelo tempo e compreenderem que caminhando em direção a Deus, mais e mais se vê. E quando se começa a ver, e é logo ali, mais se quer ver. É o mistério da fronteira da fé. Enche de maravilhas a caminhada do caminhante que, quanto mais caminha, mais lhe é dado ver. É uma caminhada sem retorno depois que se descobre que todos os empréstimos somados do mundo carecem de valor mesmo no início da caminhada.

Vinde e vede.